Gostaria que você lesse o “testemunho” contado pelo patriarca Abraão. Você não vai encontrar os detalhes que ele conta na Bíblia. Então, preste muita atenção no que ‘ele’ conta“Esperei muitos anos para realizar este sonho. Quando Isaque chegou, um raio de luz acendeu em nossa casa. Eu e Sara, já não tínhamos tantas coisas para fazer. Coordenávamos os muitos servos e cuidávamos das tendas; muitas pessoas dependiam de nós. Olhávamos para as crianças dos nossos irmãos israelitas: correndo, brincando, abraçando seus pais. Pareciam tão felizes. Agora, temos o nosso filho, um herdeiro prometido por Deus, uma promessa que significa eternidade.
Sara ficou mais bonita com a gravidez, passou a se sentir mais segura, amada, andar de cabeça erguida, mesmo sob os olhares de pasmo, os risos de deboche, os murmurinhos. Sabíamos que a chegada de Isaque era um testemunho do poder de Deus de quanto Ele nos amava e zelava por nós. Muitos já me viam como um escolhido, abençoado, e Isaque era a prova de que não existiam impossibilidades para o meu Deus. Sim, homens e mulheres, vieram nos ver e perguntar sobre o Deus que servíamos.
Isaque era agora a maior maravilha que tínhamos. O bem mais excelente. Ele era a minha herança. Andávamos juntos nos campos, ríamos, conversávamos. Isaque era o centro de minha vida. Sara não tinha ciúmes da nossa relação, ela até gostava. Sabia que eu estava feliz. Tão logo Isaque começou a entender as coisas, lhe falei sobre Deus. Contei-lhe sobre as estrelas. Até repeti o que Deus tinha me falado: “Filho, podes contar as estrelas? Assim será tua descendência”. Fiz planos para Isaque Nos entendíamos muito bem.
Algumas vezes cheguei a pensar que o lindo menino estava tomando o lugar de Deus, porque se antes ao acordar eu olhava para o céu em oração de gratidão, agora, eu olhava para Isaque, passava horas vendo-o dormir, apreciando sua beleza. Quando ele acordava, sentávamos juntos à mesa e por todo o dia Isaque era a minha diversão. Eu o amava com todas as minhas forças. Apesar da sensação de estar abandonando Deus, prossegui em minha adoração a criação e ignorei ao Criador. Afinal, bem ali estava o Seu presente para mim.
A cada dia que se passava eu me sentia mais perto de Isaque e mais distante de Deus. Eu estava feliz e isto era o que importava. Deus entenderia minha distância. Ele sempre entendeu tudo.
Mas certo dia, no meio da noite, ouvi a voz do Senhor. Fazia muito tempo que aquilo não acontecia. Ele veio como no principio de minha caminhada. Pediu-me algo que parecia impossível. Doeu muito, não consegui mais dormir. Acordei os criados e parti a Moriá. Os pensamentos eram de pesar. A situação estava remoendo minha alma.
Mas, era um momento de decisão: Deus estava a me provar, requerer de mim o bem mais precioso. Precisei escolher viver para Deus e morrer para o mundo. Por quase 80 km refleti sobre aquele pedido. Em silêncio, revivi em minha memória, cada Palavra de Deus para mim. Eu precisava daquilo porque percebi que as promessas estavam morrendo, que eu já não era servo do Altíssimo, mas Pai de Isaque. Talvez, eu até nem estivesse sendo, marido da Sara. Era hora de mudar. Deus interviu na hora certa. As lágrimas escorriam em meu rosto, procurei disfarçar.
Na caminhada para o Vale da morte, encontrei vida e renovei os votos com o Senhor. Tive mais uma vez a certeza de que Ele não me abandonaria. “Em Isaque será chamada a tua descendência ecoava em meu ser” (Gênesis 13:15, 16 e Hebreus 11:17-18).
Subi o Moriá. E enquanto Isaque nada entendia, meu coração se convertia. Minha vontade morria. A distância entre mim e Deus diminuía.
Quando meu filho já no cume me pergunta: “Pai, onde está o cordeiro para o holocausto”? (Gênesis 22:7). Respondo “Deus proverá”.
Não era a vida de Isaque que estava no altar. Era a minha vida. Eu precisava compreender que não era o senhor do tempo, nem mestre de mim mesmo. Deus era o meu Senhor e deveria ocupar o centro de minha vida.
Alguma vez Deus já te pediu algo que pareceu impossível? Alguma vez, a vontade de sua carne te promoveu satisfação e alegria, mas você se sentiu distante de Deus? Existe algo que está sendo colocado como centro de sua vida, tomando o lugar de Deus? Lembre-se o caminho da salvação exige renúncia. Porta bem estreita. Não é só de flores, mas de espinhos.
O que você precisa levar ao Moriá? Não pense duas vezes, pegue a lenha e siga o caminho, acreditando que Deus proverá. Pode ser que doa muito, mas a recompensa virá.
Subir o Moriá é renovar a comunhão, buscar o Senhor com todas as forças, colocá-Lo em primeiro lugar em nossas vidas.
Sim, Ele quer nossa felicidade, trabalha para isso. Também quer a honra, o louvor e a gratidão. Jamais esqueçamos que nem mesmo todos os celeiros cheios são capazes de substituir um coração vazio. Um coração inteiro é tudo que Deus precisa para nos dar sonhos também inteiros. Um grato e quebrantado coração é a chave para que no alto do Moriá, Deus envie seus anjos para bradar a nosso favor.
Alcançar o Reino é conquistar a paz, mas o preço dessa paz está na renúncia, na consciência de filho que ama o Pai e preza por agradá-Lo: “Então disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a minha cruz e siga-me” (Mateus 16:24).”
Esse texto maravilhoso que você acaba de ler foi escrito pela professora, jornalista e Bacharel em Teologia, Wilma Rejane. Ela reside em Teresina, no Piauí. Deus te abençoe!









0 comentários:
Postar um comentário