Tem algumas passagens na Bíblia que são muito difíceis de entender, não é mesmo? Mas tem uma passagem que quando li a primeira vez eu não sabia se ria ou chorava. E quero usar essa passagem como base para nossa meditação de hoje.O apóstolo Paulo em uma das suas viagens missionárias foi levado pelo Espírito Santo de Deus a pregar na cidade de Trôade, vindo de Filipos. Era assim que Paulo agia. Ele se deixava levar, para onde quer que fosse, pelo poderoso Espírito de Deus.
Diz a Bíblia que no primeiro dia da semana, estando Paulo reunido com os demais irmãos em Cristo para celebrarem o partir o pão (Ceia do Senhor), ele deveria seguir viagem imediatamente, mas, exortando-os, prolongou o discurso até à meia noite.
Paulo discursava num cenáculo onde havia muitas luzes. Então, leia o que aconteceu:
“E, estando um certo jovem, por nome Êutico, assentado numa janela, caiu do terceiro andar, tomado de um sono profundo que lhe sobreveio durante o extenso discurso de Paulo; e foi levantado morto.” Atos 20:9
Naquela época não havia luz elétrica como atualmente ou mesmo luz à gás. Luzes aqui significavam tochas. E as tochas deveriam ser feitas de um tipo de tecido embebido em óleo, na extremidade de uma vara.
A Bíblia não relata quantas pessoas havia naquele pequeno cenáculo, mas deviam ser elas em número bem razoável. Ali estavam pessoas de todas as idades quer jovens, quer anciãos. Certamente o fogo nas tochas expelia algum tipo de vapor tornando aquela sala muito quente e abafada.
Estava ali o jovem Êutico que pela sua jovialidade e pelo ar abafado do cenáculo, subiu facilmente numa das janelas e ali ouvia Paulo discursar.
Talvez o principal problema de Êutico foi justamente sentar-se na janela. Esse seria um lugar convidativo naquela noite. Dentro deveria estar abafado com muita gente se acotovelando. Na janela era mais folgado, era mais fresco, já que pegava o ar de fora. Mas era também lugar de muita distração. Dali talvez Êutico ouvisse e via o que se passava na rua. Dali, meio dentro e meio fora ele tinha dificuldade em se concentrar. E foram as distrações que quase o mataram.
Sentar-se à janela por pouco lhe custou a vida, e provavelmente bem pouco ou mesmo nada deve ter guardado do sermão.
Confesso que ultimamente ando ouvindo muitas histórias de pessoas que pegam no sono durante a mensagem da Palavra de Deus. Por que será? Será cansaço dos ouvintes ou falta de unção dos pregadores?
Bom, mas nós não devemos julgar esse jovem com severidade. Pelo menos ele foi à reunião e tentou ficar acordado. O tempo verbal no grego indica que ele adormeceu aos poucos, não que caiu no sono de repente.
Talvez hoje devêssemos nos perguntar: “Será que também não estamos dormindo na Igreja?”. Quantos estamos dormindo, enquanto o mundo clama por uma palavra, um amigo, por um Salvador?
A batalha está ferrenha nos campos, mas preferimos que outros vão fazer a obra do Senhor. Nós podemos ficar e muitas vezes dizemos: amanhã eu vou, hoje já tem quem vá!
Almas estão abafadas, a beira da perdição, pelo poder do pecado. E continuamos dizendo que há missionários. “Eles que vão e preguem para essas pessoas, pois não podemos sair da nossa zona de conforto”.
Vamos aos cultos em nossas igrejas, ouvimos os louvores, os testemunhos e a pregação da Palavra. Pronto! Já é o bastante… E nem sequer pregamos para o nosso vizinho.
Estamos como Êutico, sentados em nossas cadeiras ou bancos confortáveis, de preferência bem perto do ar condicionado.
Estamos na zona de conforto! E isso me faz lembrar as palavras de Jesus enviadas à Igreja de Sardes: “Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto” (Apocalipse 3:1).
O famoso pregado Charles H. Spurgeon disse certa vez: “Lembre-se de que, se adormecermos durante o sermão e morrermos, não teremos apóstolo algum para nos trazer de volta à vida!”
Cuidado para não pegar no sono! Deus te abençoe!









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